NOIVADO

Acredite: ainda existem almoços e jantares de NOIVADO. Isso mesmo. Ainda se comemora o noivado de um casal. Eu, que sou a pessoa mais romântica que conheço, nunca pensei em comemoração de noivado.

Aliança de noivado, na Bahia, chama-se BAMBOLÊ DE OTÁRIO. De duas uma: ou é para enrolar a mulher ou é otário. Mora junto? Bota no dedo esquerdo. Que medo é esse de casar, rapaz? Ou ainda acha que casamento é para sempre?

Belo Horizonte, Minas Gerais, é uma das poucas cidades que ainda se faz festa de noivado. Acho que nem em Xique-Xique há mais. Por que será? O homem deixa de trair depois que noiva? E a mulher?

O problema dessas festas é que ainda rola uma certa desconfiança do casamento. Afinal, se há confiança, os dois casam. Não ficam noivos. Ou será que depois de noivo o homem pode comer a noiva? Quem mais acredita nisso?

Todos os homens levam suas possíveis noivas e vice-versa. Repare: a noiva está sempre muito mais bem vestida que o noivo. E a cafonice?

Eu pensava que o noivado tinha um anel especial. Mas descobri que o anel só muda de mão. (quando comecei como redator, fiz uma campanha que tinha um anel de diamante com o título: “Palavras duram pouco”. A dona da joalheria chorou e a atendimento lacrimejou).

Você não pode encher a cara, porque a outra família pode notar. Você não pode ficar à vontade que a família cresce os olhos. O pior: todo mundo conhece a bizarrice das duas famílias.

Perdão aos que ficaram noivos um dia. Mas acho melhor pegar o dinheiro e esticar a lua-de-mel. Tenho certeza que será mais prazerosa.

Para mim, o noivado só existiu para o homem enganar a mulher. E os pais da noiva também, é claro.

Matheus Tapioca

Ilustração: Theo Siqueira
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