Se você, mulher, quer despertar a atenção de um homem, é fácil: basta usar um vestido ou uma saia. Nada veste melhor a imaginação masculina. E para o sexo, a imaginação dos homens é imbatível.
Homem não está interessado na moda, na estampa, nem na cor, mas no que é possível fazer com aquele vestido ou aquela saia. Nem é preciso tirá-los. Às vezes, é melhor vestida por fora e nua por dentro.
Passam pela cabeça posições, ações, mãos, o que ela está usando por baixo ou “será que ela está usando algo por baixo?”. E sim, todos os homens pensam naquilo.
Nunca pedi para namoradas trocarem a saia, vestido, por menores que fossem a distância entre o cós e a barra. Afinal, só eu podia tocar.
Os vestidos de alcinha são meus preferidos e quando estão sem sutiã, tenha certeza: é má fé. Elas sabem que vão abalar as estruturas.
Vestido deixa qualquer mulher gostosa. Há calças que levantam a bunda, mas escondem as pernas. Não têm a sensualidade de um vestido ou saia.
Meu sonho era estudar na época em que o uniforme feminino era, obrigatoriamente, saia. Colegiais: o fetiche preferido de dez entre dez homens.
Desconfio que muito da obra de Nelson Rodrigues deve-se a essas saias. Só elas seriam capazes de ficções tão obscenas. Fruto de anos e anos de convivência com tal pecado.
Minha maior diversão na chatice de uma cerimônia de casamento é ver todas as mulheres de vestido. Mesmo todos sendo longos, a imaginação entra.
Além disso, saias e vestidos têm um “bonus track”: a sorte de você flagrar o vento levantar.
Matheus Tapioca
Ilustração: Michel Neuhaus
Toda segunda uma nova crônica