O cachorro pode ser o melhor amigo do homem, mas o homem não é o melhor amigo do cachorro. Por isso, acho um tremendo egoísmo ter um cão.
Não falo de quem tem cão de guarda que serve para proteger a casa e a família. Mas para que as pessoas compram um filhote? Para se sentirem acompanhadas? Menos solitárias? Amadas incondicionalmente? Mais felizes?
Mas o que é felicidade para ele? Estar perto dos donos. Mas o dono só dá atenção quando está em casa. Mas na hora de sair, passar o dia fora, trabalhando ou viajando, o pobrezinho fica lá, sozinho, solitário. E como todo mundo sabe, a solidão é cruel.
Ou manda para um hotel que não é o lugar dele, com gente estranha, cachorros estranhos, uma hospedagem para se livrar dele enquanto o dono curte a vida, sem a presença inconveniente do cachorro.
Há quem deixa o cão sozinho por dias, colocando ou pagando alguém para colocar água e comida. “É tudo que ele precisa”, pensam alguns.
O cúmulo do egoísmo é adotar um e depois devolver. Mas abandonar o cão não é egoísmo, é maldade. E o que não faltam são cachorros abandonados.
Além disso, muitos cachorros são castrados para não dar dor de cabeça, sujar a casa com o cio, ou ter que cuidar de toda uma ninhada. Alterando todo o ciclo natural do ser vivo.
Não posso negar que para algumas pessoas ter um cachorro é uma doação. Há quem cuide, torna a vida daquele ser muito melhor. Até sociedade protetora dos animais tem seu importante papel. Mas nunca será suficiente para aquele sujeito carente.
Por outro lado, existe uma indústria de cães sendo reproduzidos em série. Até certidão de pedigree os caras têm. Colocando mais cachorros no mundo, cada vez mais abandonados, cada vez mais virando sabonete.
Quer ter um cachorro? Não compre, adote um. Assim seremos menos egoístas.
Nunca mais terei um cachorro e vou fazer de tudo para me sentir acompanhado, menos solitário, amado incondicionalmente e mais feliz na presença dos meus melhores amigos humanos.
Matheus Tapioca
Ilustração: Michel Neuhaus
dezembro 13, 2010 às 7:35 |
Nossa!!!! Vc mandou muito bem nesse texto. O egoísmo anda tão “na moda” que passa despercebido nas atitudes mais comuns do nosso dia-a-dia… Aqueles que andam no contra fluxo são atingidos de forma avassaladora. Acho que esse texto é um ótimo “lembrete” do que é ser “humano”.
Bjos
Neuhaus: Vc tbm tem feito ilustrações maravilhosas!!!! Parabéns.
dezembro 13, 2010 às 8:43 |
Valeu Lully! Sempre bom ser elogiado.
dezembro 13, 2010 às 9:37 |
É que tem gente que não sabe gostar de gente, então ter um bicho de estimação é a marca do egoísmo mesmo, mas tudo leva a carencia…
Concordo com tudo e tenho um caminhão de impressões e frustrações sobre esse assunto, acho terrível criá-los como indústria,mas quanto a castrar, é um mal necessário.(…) Filhos, bichos,amigos,afetos…não são extensão das nossas vontades, não são objetos de coleção, exigem muita responsabilidade e cuidado.Só por carência,melhor distrações materiais:video game, computador,discos, livros…
AP
AP
dezembro 13, 2010 às 13:27 |
Como assim, Tapí? O que aconteceu com a Fulana??? Espero que ela esteja bem!!
Não acho egoísmo ter cachorro não, como sempre, depende de quem cuida. Porque senão até ter filhos seria um ato de egoísmo. Sou a favor de ter cachorro (periquito, papagaio, criança, gato) desde que o sujeito se comprometa a dedicar tempo, tem que entender que a vida muda.
Querer adotar um ser vivo (ou ter, ou comprar) e querer manter a vida igualzinha, aí sim é muito egoísmo, pra não dizer fralta de noção.
Bjs!
dezembro 13, 2010 às 18:00 |
Porra, que incrível esse texto!
Concordo em gênero, número e grau! ^^
=*
dezembro 14, 2010 às 15:01 |
Nunca tive cachorro apesar de quando criança quisesse muito. Acho que por isso nunca consegui a me apegar aos animais da forma como vejo muita gente se apegando. Mais do que não conseguir me apegar, não consigo entender.
Os animais não são mais companhia, hoje são símbolos de status. A raça mais cara é sempre uma fofura! A mais rara, uma lindeza! E olha que normalmente são bem parecidos com as imagens mais populares de extra-terrestres…
Empregada com criança? Nem pensar! Enquanto isso xixi no tapete e cocozinho em cima da cama são problemas contornáveis. “Coitadinho, é um bebê ainda…” – o cachorro, não a criança que está na creche enquanto a mãe leva o bichinho ao petshop.
Como dizia a música: troque seu cachorro por uma criança pobre!
agosto 18, 2015 às 20:14 |
Qntas crianças pobres vc já adotou? Esse discurso é furado. Os animais n tem a menor culpa da ignorância humana, mto menos das crianças pobres, mas o ser humano sempre olha pra uma situação q é consequência, como o problema em si. E humanos adoram sumir com problemas da maneira mais conveniente p ele. Vc pode adotar uma criança, nem por isso deixar de ter um animal tb adotado. Uma coisa n tem a ver com a outra.
Animais são tão vítimas da ignorância humana qnto os humanos mais fragilizados. O problema de tudo é como texto diz, as pessoas, como elas lidam com o outro. Como oi humano lida com o outro como objeto. Esse exemplo q vc deu o animal n passa de um objeto bonitinho p “dono”,esse animal n tem culpa de tratarem dele dessa forma. O humano é q tem q mudar seu olhar e n o q ele objeto fica q tem q ser ignorado, como se fosse de fato objeto.
O que texto é legal, só a parte da castração q o autor parece n saber q se trata de mal necessário, pois diariamente caixas e caixas de filhotes são abandonadas ao relento e a maioria se lixa porá isso, inclusive esses q “amam” animais. Com a castração, a população de animais de rua a abandonados acaba diminuindo.
dezembro 15, 2010 às 8:34 |
Muito bom o texto e tem um super sentido.
É exatamente isso que acontece…
Cada dia melhor. Podia lançar
um livro com os melhores
contos. Abração!!
dezembro 21, 2010 às 20:13 |
Concordo plenamente com o que a Thais escreveu aqui
E ainda acho muito melhor e mais produtivo a companhia dos meus bichinhos do que a de muita gente que existe nesse mundo!