Todo mundo tem uma história com uma diarista. Desde a perda da virgindade até de uma jóia valiosa. Se aqui, em São Paulo, a gente tem contato com baianas, paraibanas, sergipanas e cearenses esquisitas, imagine quando você mora lá.
Já pedi para Salete fazer uma salada de frutas e a criatura foi literal: cortou a laranja em gomos e colocou em cima da alface, picou a uva e jogou como se fossem azeitonas, cortou em rodelas uma maçã, em cubos o mamão e em tiras a banana, só faltou jogar azeite e vinagre para temperar.
Um amigo fez um bolo de maconha e a diarista comeu sem saber de nada. Na semana seguinte, perguntou se passou mal e ela respondeu: ”Que nada menino! Cheguei em casa, vesti a melhor roupa, sai com meu marido e só chegamos em casa de manhã.” Quando soube dessa história, lembrei na hora da música ‘Valsinha’ de Chico Buarque.
Você assistindo à sua novelinha básica, todos deitados no sofá e eis que chega Suzana, uma negona de 1,88m, se deita no chão, no meio da sala e começa a fazer flexões, abdominais, até que apóia o quadril com as mãos e começa a “andar de bicicleta” com as pernas pra cima. Tudo isso com os olhos fixados na TV.
Sayonara (com ipsilone) lavou os banheiros da casa com querosene. Isso mesmo. Q-U-E-R-O-S-E-N-E!!!! O que leva uma pessoa a lavar o banheiro com querosene? Tentativa de homicídio? Queria flambar? Eu saia do banho com cheiro de mecânico.
Chamei Lucilene para almoçar comigo, pedi comida chinesa. Quando eu falei para ela sentar, quase chorou:
– Você é casada, Lu?
– Divorciada, Seu Matheus.
– Há quanto tempo?
– Quatro anos…
– Nunca arranjou um namorado?
– Não… Respondeu ruborizada.
– Mas por quê? Você aí, cheia de saúde, de amor pra dar, com três filhas criadas!
– Aaahhhh… Eu sou de Cristo agora e ainda gosto do meu ex-marido. Aquele cachorro… Batendo três vezes na mesa.
– E ele gosta de você?
– Aquele cachorro chora toda noite pedindo pra voltar… Mas ele me traiu com minha prima!
– Traição é fogo, né?
– Então, não é?
– Mas você não ama ele? Não pensa nele todo dia? Não vai dormir pensando nele? E acorda com ele no sonho, no pesadelo?
– O senhor lê pensamento?
– Então, perdoa ele. Você conhece este biscoito?
– Não.
– Ele é o Biscoito da Sorte. É uma tradição na China. Antes de comer, você tem que quebrar e ler a mensagem. Quebre o seu e leia.
– “O vento arranca as árvores solitárias”.
Matheus Tapioca
Por Matheus Tapioca
Matheus Tapioca
Tags: Chico Buarque, diarista, doméstica, empregada, faxineira
julho 13, 2009 às 11:02 |
Final poético! E eu achei que no final você ia ter terminado enroscado com na cama com ela!!! Acho que tem mais história pra contar hein?!? Rss!!
julho 13, 2009 às 12:09 |
E quando você guarda aquela “Nhá Benta de Maracujá da Kopenhagen” por duas semanas e descobre que ela comeu exatamente no dia que você desistiu do regime?! De chorar….
julho 13, 2009 às 12:23 |
eu juro que imaginei um final mais “pornochanchada” com lucilene.
julho 13, 2009 às 12:55 |
minha mãe pediu um rosbife pra janta…
chegamos na mesa, e lá estavam: arroz e um (veja bem 1) bife, pra família de 4 pessoas..
quando perguntada, nossa querida leninha (ficou com a gente mais 12 anos) rebateu de bate pronto: “ué dona regina, a senhora pediu pra fazer o arrozbife, taí”
julho 13, 2009 às 16:13 |
Fantástico! Quase choro no final… hahahahaha… sério!
julho 13, 2009 às 18:10 |
Tapioca, desta vez vou ter que concordar com a Jana, porque “felizmente” ou “infelizmente”, empregada tem esse pequeno defeito, claro que entre, muitos outros…. como manchar aquela blusa preta novinha com candida, ou queimar a camisa mais cara que você acabou de comprar, só porque tava um pouco amassada, mas o pior mesmo e você chegar com a boca cheia de agua, pronta pra comer aquele pedaço de pizza de ontem e descobrir que ela já era… Coisas de quem depende delas.
Bjs e até mais.
julho 14, 2009 às 8:47 |
Cada dia um texto mais adorável que outro! Beijos, amigo!
julho 29, 2009 às 16:46 |
Meu único problema com empregadas por aqui são as faladeiras… Eu louca para terminar os artigos de trabalhos da faculdade e elas contando caso. Ainda mais quando descobrem que sou sergipana… As duas que conheci são louquinhas para conhecer minha terra… e la se foi uma tarde…
agosto 5, 2009 às 18:54 |
Nossa! Eu tava ouvindo uma música suuuuper melancólica agora e lendo esse texto… Deu vontade de chorar. A Lu voltou com o marido?
agosto 13, 2009 às 5:15 |
I usually don’t post in Blogs but your blog forced me to, amazing work.. beautiful …
agosto 21, 2009 às 7:41 |
Realmente tem cada história…
Uma vez minha mãe falou para a empregada que estava começando em casa: Depois de arrumar a cosinha do café, varra o quintal e molhe as plantas… E ela fazia isto todos os dias… Mesmo quando chovia!
setembro 5, 2009 às 14:16 |
Conta aí, ela voltou pro marido? kkkkkkkkkkkkkkk
outubro 7, 2009 às 23:17 |
Vou tentar essa “salada de frutas” de Salete, parece boa…
março 11, 2010 às 20:11 |
lá ele!!! (o vento)
abril 20, 2011 às 12:14 |
Tapioca, acho seus textos impagáveis. Quando teremos o 1º livro?